Abstract:
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ACJ tocando "Luiza". Foto de sua mãe Nilza Brasileiro de Almeida com ACJ no colo, ainda bebê. Ele conta sobre sua primeira infância e fatos do seu nascimento. Várias fotos. O inicio de sua aptidão musical não é destino, mas "coincidência". Hans-Joachim Koellreutter foi seu primeiro professor. Helena Jobim começou a ter aulas, mas ele se interessou mais e pegou as aulas da irmã. Ensaio de uma teoria: quem se dedica ao piano é aleijado. Não dá pra trocar uma partida de futebol por um piano. Cita Luizinho Eça e Sérgio Mendes. Um garoto sadio não faz isso; a não ser tenha algo muito forte. Quando se decidiu pela música, quis fazer apenas isso. Recusou-se, por exemplo, cargos de desenhista, cantor, [ator]. Ele não queria que o público o visse. No "Orfeu da Conceição" não regeu a orquestra por timidez. Composições intimistas eram mais comuns. Não acredita no público: no III Festival Internacional da Canção, o mais duro para ACJ foi ter ganho a parte nacional com "Sabiá". Segundo ele, o mais dificil é ser Pelé ou Garrincha. Lá fora é mais fácil ter reconhecimento. O Brasil é um laboratório, mas as circunstâncias não são propícias para se viver. A água nasce ao contrário também, ausência de grandes mamíferos... Tudo é importado. "Matita Perê" e "Águas de março" são totalmente brasileiras e quanto mais for, mais te acusam de estrangeirismos. Sérgio Cabral, em seu "Pixinguinha, vida e obra", o acusa de ser "jazzista". É perguntado sobre as melhores possibilidades nos EUA. Concorda, mas acha que se fosse americano do norte (pois é americano do sul) teria outros problemas lá... Pagam rios de dinheiro ao Frank Sinatra, mas ainda assim falam mal da voz dele. A máfia dos EUA é melhor que a daqui. Ele não sabe como é seu processo de criação. "Vem de um jeito, depois fica de outro [...] e de repente tá lá um troço que faz sentido". Foi assim com "Garota de Ipanema". É muito sofrida a composição. "Eu sou um perfeccionista", que sempre se choca contra as impossibilidades. Não se julga muito habilidoso musicalmente [e] é canhoto. "Gosto muito da natureza. Estudo muito". Deve ser o amador que melhor conhece passarinho no Brasil. Diz que está produzindo demais; mais do que gostaria: 30 músicas novas e aberturas para a TV Globo. Preocupação com as queimadas. Estão fazendo uma "porção de bobagens" na Lagoa Rodrigo de Freitas. "O homem quer sempre matar o indio, escravizar a mulher, botar fogo no mato - tudo besteira". Explica o procedimento correto para salvar a Lagoa. Demonstra pela primeira vez a música "Luiza". Diz que ainda está trabalhando na letra. ACJ tocando e cantando "Garota de Ipanema" com Vinicius de Moraes, seu grande companheiro é ele mesmo. O amor de Vinicius é insubstituível e brinca que continua compondo com ele. Cenas da homenagem a Vinicius de Moraes, de julho de 1980, da própria TVE: Paulo Jobim e ACJ cantam "Eu e o meu amor". Afirma que trabalha bem com Chico Buarque. Tem gravado muita coisa aqui e nos EUA. Comenta que seu trabalho com Caetano Veloso só não sai porque eles não se vêem. Não tem nenhuma música da qual goste mais - "São todas minhas filhas". Gosta de variar nas músicas que toca e não sente inveja de nenhuma: "gosto muito da música dos outros". Cita Lupicínio Rodrigues e Villa-Lobos. Afirma que sua infância foi comum e que a sensibilidade é que vai variar. Como o ser humano é riquíssimo, acha que, no futuro, todo mundo vai ser artista. Cita Stravinsky: "A música moderma é 5% inspiração e 95% transpiração". Diz-se um obsoleto, pois seu esforço em aperfeiçoar as músicas o incomoda. Preocupação com a ecologia: "doação ilimitada a uma eterna ingratidão". Comenta que não vê necessidade em distinguir sua música entre popular ou clássica. |